sexta-feira, 9 de março de 2007

Samba-Chula Filhos da Pitangueira


Quem acredita que passar dos 50 anos é sinônimo de ultrapassado, está se equivocando. Pelo menos em São Francisco do Conde, a idade pode ser comparada a vitalidade se depender dos Filhos da Pitangueira, grupo de samba-chula da cidade. Com 25 integrantes com idades entre 17 e 85 anos, o grupo virou atração desde abril, quando se apresentou ao lado do cantor Paulinho da Viola, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e fizeram até o mês de julho uma turnê pelas principais cidades do país no “Sonora Brasil”, promovido pelo Sesc. Considerado patrimônio da humanidade, o samba-chula tem características próprias. O grupo não samba enquanto os cantores declamam a chula (forma de poesia). A dança só tem início após a declamação, quando uma mulher por vez samba no meio da roda ao som dos instrumentos e de palmas , enquanto rolam os primeiros passos. Em pé, nove mulheres se revezavam e, ao som de palmas, pratos, triângulo e um coro de vozes, esperam que uma delas sambe no meio da roda, enquanto uma dupla de músicos canta a chula e uma segunda canta o relativo. O samba faz parte da cultura brasileira desde 1860, com a vinda dos africanos para o Brasil. Da África, couberam os passos da dança que celebravam as divindades ligadas ao Candomblé. Da cultura portuguesa, veio a viola, que se juntou ao ritmo criado no Recôncavo. Essa mistura deu origem ao ritmo que hoje conhecemos como Samba-Chula. Os instrumentos peculiares para execução do ritmo são bem antigos também, como o machete (percussão) e a viola de 10 cordas, que já não se fabrica mais. O Samba Filhos da Pitangueira é considerado o único samba chula nacional por mater a risca as tradições trazidas pelos africanos e possuir a única viola marchê do país. Existem apenas três o mundo.

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